"A memória é o género que se atreve a dizer o seu próprio nome. A biografia diz-nos: «És o que foste». O romance diz-nos:«És o que imaginas» . A confissão diz-nos:«És o que fizeste». Mas biografia, confissão ou romance requerem memória, pois a memória, diz Shakespeare, é a guardiá da mente. Uma guardiã, diria eu, que se radica no presente para olhar com uma face o passado e com a outra o futuro . A busca do tempo perdido também é, fatalmente, a busca do tempo desejado. Hoje, no presente deste ano terceiro do segundo milénio depois de Jesus, Gabriel García Márquez rememora. Aos que um dia lhe dirão: «Foste isto», «Fizeste isto» ou «Imaginaste isto», Gabo adianta-se e diz simplesmente: Sou, Serei, Imaginei. Recordo isto. " Carlos Fuentes, in "Gabo Memórias da Memória", Dom Quixote.