Medo
Quem dorme à noite comigo
é meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o
medo.

É cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz móvel que estala
E nos perturba a razão.

Gritar quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim
Gostava até de matar-me,
Mas eu sei que ele há-de
esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

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