Ninguém me pode atirar uma bóia?!

"(...)As frustações dos adiamentos passados não mais podem ser refreadas. Suspendem-se maduras, a rebentar com o nascer de qualquer momento. A máquina de escrever sente-se culpada de amor, está florida de vergonha, e a mim fala-me tão alto que receio venha a comunicar a sua indecência a visitas casuais.
Como se tornou tão estacionária a vida e impossivelmente alongadas as horas. Quando nos sentamos na relva dourada do penhasco, o sol, entre nós, insiste num desenlace que em vão buscamos, mas cuja urgência sentimos insuportavelmente. Nunca antes tinha estado apaixonada pela morte, nem me sentira grata porque as rochas em baixo me podiam prometer sepultura certa.
Mas agora a idéia de morrer violentamente torna-se um acto embrulhado em atraente melancolia, e exibido com cada blandicia. Porque não há beleza em negar o amor, excepto talvez pela morte, e em direcção ao amor que outro caminho existe?(...)
Não te sentes triste por estares sozinha?
Sim, sinto , e tu?
Oh e está tão frio na cama.(...)"

extraido do livro: "Junto à Grand Central Station Sentei-me e Chorei" de Elizabeth Smart, publicado por Estórias Editorial Teorema, 1997

Comentários

Fábula disse…
toma lá uma bóia... e uma mão para te ajudar a subir para o barco! =)
G. disse…
Obrigado!
Com a tua mão já tenho metade do corpo encostado ao barco. :-)
Beijos e volte sempre!
G.

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